2011 PENSAMENTOS E SENTIMENTOS MISTURADOS

Posted: terça-feira, 28 de dezembro de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , ,
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2010 está em seus últimos momentos, já (sobre)vivendo com o auxílio de aparelhos. Nada mais justo do que fazermos (no meu caso, pelo menos) tudo o que se faz em toda virada de ano: refletir sobre como foi o ano, em âmbitos pessoal e profissional, como você o aproveitou (e o que poderia ter feito também), além de estabelecer metas para o ano que está prestes a sair da sala de parto (sei que isso não é lá muito animador, mas é um fato: ao menos 1/3 dessas metas não será alcançada, pois outras prioridades serão postas diante de ti pelo Sr. Destino, cria do Sr. Roteirista).

Outro fato: toda virada de ano é a mesma coisa: sempre se passa com trajes majoritariamente brancos (você sabe o porquê? Nem eu (risos)), superstições serão tiradas do guarda-roupa e colocadas à mesa, pseudo-artistas artistas vão se apresentar na Avenida Paulista... Enfim, it's all the same old shit. Prova disso é que reciclarei, por falta de criatividade, o post de ano novo que escrevi em 31 de dezembro de 2009 (isso mesmo, há quase 365 dias), no "Vida Subliminar II" (in memorian). Leia-o e tire suas conclusões.


"Pois bem, meus caros, 2009 está moribundo nos seus últimos momentos. E o que aconteceu de mais irrelevante importante nele? O Brasil conseguiu pular a “marolinha” saiu (naquelas) da crise econômica provocada pela ganância dos porcos capitalistas de pescoço avermelhado pela bolha hipotecária estadunidense; a seleção “canarinho” não fez mais do que a obrigação classificou-se para a “Copa das vuvuzelas” (ai meus ouvidos!), MJ foi para Neverland foi desta para uma melhor (?); Arruda, Serra e Sarney continuaram rir de nossas caras impunes… Enfim, que 2010 venha logo!

Não obstante (por que todo pseudo-intelectual de merda usa expressões como esta?), a virada de ano, que era para ser um momento de reflexão e de ponderação, tornou-se “plastificada". Muita gente veste-se de branco por osmose sem saber o porquê de fazê-lo, aquelas “marchinhas” típicas dessa época (algo como “Adeus ano velho…”), mais velhas do que Dercy qualquer outra coisa, são entoadas em esmo; e, de quebra, o lado mais hipócrita do ser humano fica à flor da pele, ao desejar-se “o melhor” até para aquele desafeto declarado (além daquelas esperanças criadas à meia-noite e que desaparecem após a primeira taça de Cereser champagne). A melhor definição do “ano novo” foi feita por Carolina Maria de Jesus, em seu livro / diário / estudo sociológico / o cazzo “Quarto de despejo”, que decidi piratear reproduzir agora:
1 DE JANEIRO DE 1960 Levantei as [sic] 5 horas e fui carregar agua. [sic]
De quebra, a trilha sonora, segundo o escriba insano que vos fala (?), é “New year’s day”, do U2 (Bono cara-de-bolacha é mesmo um cara sábio… Só ele mesmo para escrever algo como “(…) nada muda no dia de ano novo”).





E, apesar de toda a vibe blasée clichê de toda e qualquer virada de ano, desejo a todos os leitores (?) desse disparate digital blog somente o que a vida pode proporcionar de melhor".


Enfim, ao(s) leitor(es) dessa quebrada, ao melhor estilo "senso comum", desejo a todos que 2011 seja excepcional, e que somente "coisas" boas aconteçam em seu desenrolar. Good vibrations, always! That's what I wish for you all, folks.

REFLEXÕES NATALINAS

Posted: sexta-feira, 24 de dezembro de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: ,
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Natal. Época do ano em que todos os parentes se reúnem, mesmo a contragosto, para confraternizarem. Presentes são trocados (e destruídos segundos depois pelas crianças que os recebem), a barba do Papai Noel é arrancada pelo guri “endiabrado”, sempre tem briga por causa da coxa do Chester... Enfim, o Natal, de acordo com os lugares-comuns estabelecidos pela sociedade em que vivemos, não passa de uma reprodução dos comerciais que vemos na TV. Podem reparar, todo santo ano é a mesma coisa: os mesmos temas, os mesmos clichês... Enfim, nada muda (e com as músicas da Simone ao fundo, é claro... para infelicidade de todos).

Pois bem, vocês já devem ter ouvido falar em Herbert de Souza, o Betinho. Ele não era apenas um tiozinho hemofílico, irmão do também hemofílico Henfil (um gênio da raça, diga-se); mas foi o mentor do louvável “Natal sem fome”. Você se lembra do garotinho para quem todos fecham os vidros com Insul-Film de seus carros recém-saídos da concessionária? Sim, aquele mesmo garotinho, que teve a esmola negligenciada (tá, tudo bem, era bem provável que alguém de índole duvidosa o estivesse forçando a pedir aqueles 5 centavos esquecidos em algum lugar de uma carteira qualquer), assim como a dignidade, a esperança e o futuro por todos nós, foi lembrado, ao menos uma vez na vida, por ele. O “Natal sem fome”, hoje, é uma das principais campanhas de final de ano... E esse tiozinho, sobre quem você deve estar a perguntar por que foi citado, foi um dos primeiros a se preocuparem com quem não tinha nada para comer na noite de Natal e que tinham de ver, com os olhos marejados, aqueles comerciais-clichês dessa fase.

Galera, o Natal não se resume à entrega de um carrinho da Hot Wheels com uma roda a menos ou de uma boneca perneta na entrada da favela; tampouco a dar uma nota de dois reais a uma criança no farol, para “remissão” de qualquer culpa. Para quem não sabe, a palavra Natal deriva do latim “nascer” – então, que seja o “nascimento” de uma nova concepção sobre o que é o tão falado “espírito de Natal”. Não importa a sua fé (ou falta dela), sua visão de mundo, ideologia ou seja o que for, o verdadeiro significado do Natal é a solidariedade (agora fui meio contraditório, sei). Não me refiro à ajuda humanitária de final de ano, mas à genuína preocupação em relação ao próximo (e essa não tem prazo de validade).

O Natal não é apenas uma árvore bem decorada (é muito legal, mas não é tudo); tampouco a presentes e a mesas fartas. O verdadeiro espírito de Natal consiste no amor ao próximo; enfim, é ser um humano (no sentido amplo da palavra).

Pensem nisso, crianças. O Natal não consiste apenas no que vemos ao nosso redor; ele é muito maior do que nós podemos supor... Ah!, e a essência dele (a compaixão, a preocupação com o próximo e com o bem-estar dele) não tem prazo de validade. Reflitam sobre isso... Vale a pena, no final das contas.

Feliz Navidad a nosotros! 

Farra Parlamentar

Posted: quarta-feira, 15 de dezembro de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , ,
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A intenção deste post seria, em princípio, falar sobre cinema; no entanto, como já disse Oscar Wilde, "a vida imita a arte". Pois bem, alguns fatos são inverossímeis, para não dizer ridículos mesmo mas, mesmo assim, a ainda resistente (ou morimbunda?) sede em crer no ser humano tende ao indivíduo (a mim, pelo menos) fazer com que acredite em outrem. Tarefa difícil, diga-se.

Pois bem, a data de hoje foi marcada pela votação de mais um projeto de vital importância ao povo brasileiro: o aumento salarial dos deputados federais. Por mais irônico que pareça, foi importante, sim, para a sociedade, para que se possa perceber, de uma vez por todas, que toda ação tem uma reação, de mesma intensidade e força; ou seja, aqueles poucos segundos que muitos levam na brincadeira, em frente à urna eletrônica, podem ter consequências catrastóricas... Como o resultado da votação de hoje.

É inadmissível um país com uma das mais desiguais concentrações de todo o globo terrestre (atrás de países com IDH crítico, se não desesperador mesmo), com arrecadação de impostos astronômica e, consequentemente, com sérias desigualdades socioculturais. É ainda mais estarrecedor, mesmo com todos esses fatos mencionados, que o salário de cada deputado tenha sido aumentado para R$26.700,00, o equivalente a (pasmem!) 52 salários mínimos. Ou seja, um trabalhador que ganha o piso salarial (em proporções extremas) teria de trabalhar, excluindo-se reajustes e descontos, 4 anos e 4 meses para ganhar o que um parlamentar irá receber, daqui em diante (sem contar os auxílios para terno, moradia, viagens, uísque e puteiro).

Alguns questionamentos que merecem ser trazidos à luz da discussão é o fato de o mesmo salário mínimo não poder ser aumentado, pois corre o risco de "quebrar" o orçamento anual; e o mesmo vale para a Saúde, Educação, Cultura, Habitação e Segurança, que são áreas supérfluas, não é mesmo? O que aconteceu no Rio de Janeiro não foi apenas a catarse policial contra o crime organizado, mas consequência de anos e anos de exclusão sociocultural e de negligência em todos os aspectos, principalmente. Como havia sido mencionado por Luiz Carlos Azenha, do Vi o Mundo, aqueles bandidos não vieram de Marte, tampouco surgiram por abiogênese. Por mais contraditório que pareça, eles são vítimas de um sistema sociopolítico que negligencia as classes menos favorecidas (o que aconteceu hoje foi a prova cabal disso); no entanto, a tão querida opinião pública faz questão de ignorar esse fato (inconveniente, não acham?).

É ainda mais estarrecedor o fato de a votação ter sido realizada antes do recesso parlamentar (ou seja, às pressas), além de essa se tratar de uma época na qual os holofotes da opinião pública estão exclusivamente voltados para as iminentes festividades de final de ano e para o lado hipócrita, comercial e caricato do Natal... Ou seja, todo esse trâmite foi feito às pressas, porque se tratava de assunto extremamente pertinente à maioria esmagadora dos nossos digníssimos (?) parlamentares, além de se aproveitarem da pressuposta falta de atenção da opinião pública (pela porrilhonésima vez: ela não é a voz do povo).

Como foi muito bem lembrado por Leandro Sakamoto, do excelente Blog do Sakamoto,  vários projetos que são, de fato, de relevância social ímpar, como o combate à exploração sexual de crianças e de adolescentes, de tráfico humano e da erradicação do trabalho infantil, por exemplo, estão há milênios parados (com teias de aranha, traças e todo o resto)... Assim como o projeto de lei que prevê o confisco de terras comprovadamente usadas para trabalho escravo (sobre esse projeto, o mais grave é que ele já foi aprovado no senado).

Como se não bastasse o "Efeito Tiririca" (beneficiário direto dessa palhaçada, diga-se... e sem trocadilhos), pior do que estava já está ficando. Vivemos num regime de pão e circo, aparentemente, sem fim. Enquanto caudilhos mandam e desmandam no congresso, vivemos dias em que mocinhos de novelas das 7, 8, whatever, assim como brinquedos que serão quebrados assim que entregues na noite de Natal, Kidiabas e agregados têm mais importância do que os futuros que o nosso país tem tomado.

Tucanos e petistas, desafetos ideológicos supostamente incorrigíveis, se uniram tacitamente em prol de interesses escusos e individuais, em veemente paradoxo filosófico e moral (não me refiro às ideologias inerentes a ambos os partidos, mas ao compromisso assumido, até então, com a sociedade brasileira). Poucos deputados, como o indefectível Ivan Valente e Luiza Erundina, mantiveram opinião que, se não for heróica, é, ao menos, digna (o que falta pelas bandas do Paranoá, é bom ressaltar). Dentre os partidos, o único que ficou taxativamente contra o aumento salarial (ou roubalheira descarada?) foi o PSol (do mesmo Ivan Valente), tido como radical pelos mais "puritanos" (não me arrependo em ter votado no Plínio Sampaio no primeiro turno).

Não há muito o que dizer. Nos resta a reflexão sobre as causas e as consequências dessa votação histórica (negativamente falando). Diz o senso comum (raramente coerente) que cada povo tem os políticos que merece. Não é exatamente assim. Os caras que estão lá vieram de onde estamos; ou seja, por mais difícil que seja para admitir, eles são a reprodução do pensamento popular. Para que algo possa mudar nas Câmaras de Deputados e de Senadores, nos Estados e nos municípios, a visão de mundo popular tem de mudar, também. Gandhi havia dito que é preciso "ser" a revolução que você quer ser no mundo. Que o façamos, então.

COVERS (NEM SEMPRE) NOTÁVEIS (5)

Posted: domingo, 12 de dezembro de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , , , , , , ,
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Marvin Gaye. Um dos caras mais influentes da música contemporânea, mesmo morto. Lançou em 1971 o álbum "What's going on?", um dos trabalhos mais importantes de todos os anos 70 (e de hoje, é claro). O trampo é apenas o pioneiro em relação à conscientização ambiental, numa época na qual falar sobre a preservação do meio ambiente era impensável (lembrem-se de que o lançamento de "What's going on?" foi no início dos anos 70, época na qual o "pensamento verde" sequer engatinhava). 

Resumindo a vida e obra de Marvin Gaye, de maneira, digamos, "porca", ele surgiu no início dos anos 60, como aposta (ou produto, como preferir) da lendária Motown; e foi um dos pioneiros do ativismo ambiental. Ficou absurdamente endinheirado e, com a mesma velocidade com a qual seus álbuns eram vendidos, perdeu sua fortuna... Para mulheres (e por causa delas). Resultado: foi morar num trailler, igual a qualquer estadunidense loser.

Basta dizer que ele recuperou a fama, o dinheiro e as mulheres com a mesma desenvoltura digna de um soul man, graças à música "Sexual healing", faixa também conhecida como "música de puteiro de beira de estrada"? Como nada em sua carreira foi convencional, o seu fim, infelizmente, não o foi: seu pai, Marvin Gaye Sr., o assassinou... Em 1o de abril de 1984 (apesar da data, isso não é mentira: sua morte foi exatamente dessa maneira).

Contextualizações à parte, vamos ao que interessa: à cover de hoje. No início deste post, o assunto abordado foi o ativismo ambiental de Gaye no "What's going on?"; e a faixa que deixa essa postura mais evidente é "Mercy, mercy me (The Ecology)". Nela, o tema abordado foi, "apenas", o vazamento de petróleo no mar (antes que você o ache vidente, tire seu pangaré da chuva: ele nunca iria imaginar, necessariamente, no vazamento da BP no Golfo do México); e ela se tornou um dos hinos da conscientização ambiental.

Pois bem, os caras do The Strokes, do Pearl Jam (claro que capitaneados pelo "Sir" Eddie Vedder) e Josh Homme (frontman do Queens of the Stone Age e do Them Crooked Vultures) se confinaram num estúdio no Novo México (fato hipotético), e fizeram uma versão digna e bem Rock'n Roll de "Mercy, mercy me".



Se quiser conferir o original, de Marvin Gaye, se esbalde aqui.

Hasta la vista, niños y niñas!

COVERS (NEM SEMPRE) NOTÁVEIS (4)

Posted: terça-feira, 9 de novembro de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , , , ,
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É, meus caros, Amy Winehouse vem para a terra que tem palmeiras onde cantam sabiás, se ela não morrer antes de overdose, em janeiro de 2011. Boa notícia, afinal; no entanto, a possibilidade de vivenciarmos o cancelamento por conta de complicações com a intérprete britânica não é desprezível.

Diz a lenda que a reencarnação de Janis Joplin ou a filha que Keith Richards queria ter (como você preferir) recebeu a visita de Michael Jackson (sem o nariz, provavelmente) e, por conta disso, começou a ficar, digamos, "limpa" (para aqueles que começavam a criar teorias sobre os "27 anos" ou sobre a possibilidade de ela atingir a marca equivalente a uma volta ao mundo de cocaína inalada, aí vai um puta balde de água fria)... Enfim, Amy Winehouse não é mais a mesma.

Pois bem, chiquitos, a cover de hoje é exatamente uma versão feita de "You know I'm no good" (não é uma homenagem, cazzo!), do aclamado álbum "Back to black" (não é o "Back in black", do AC/DC)... Os autores da "repaginada" dessa música são do Arctic Monkeys, a "salvação do Rock da semana passada", segundo o indiezinho (o "emo crescido") que descobriu The National um dia desses.





É isso, crianças. It's only Rock'n Roll, but I like it!

BESTAS BANDIDAS

Posted: quinta-feira, 28 de outubro de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , , ,
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Tudo indicava que seriam dias de confraternização entre amigos (com muita cerveja, merda dita o tempo todo e o cazzo a quatro, é claro), mas há sempre alguma coisa que algum filho da puta faz que irrita profundamente, ao ponto de estragar toda a vibe da ocasião... E não poderia deixar de ser diferente, infelizmente, no evento esportivo da faculdade, que reunia uma porrada de alunos de vários campi.


Pois bem, eu estava, neste dia, com Carlão, Flávio, Eduardo e Takeshi (éramos conhecidos como "fab five" pela gurizada do nosso campus e por algumas gurias que pegávamos, mas isso não vem ao caso), como sempre, com copos de cerveja na mão e falando sobre o cotidiano... Futebol, música, cinema, mulheres (pauta obrigatória, afinal), besteiras aleatórias... Mas, meus caros, vi uma cena que me deixou extremamente emputecido: um bando de retardado de merda estava a laçar as gurias e, como bizarrice pouca é bobagem, ainda estava rolando uma espécie de rodeio com as, digamos, gordinhas.

A minha vontade, naquele momento, era de chegar na voadora em cada um deles (o meu estado etílico me ajudava a tal, diga-se), assim como a de Carlão; no entanto, Flávio, Eduardo e Takeshi, os mais ponderados do bando nos dissuadiram a fazê-lo (o argumento deles três era, de cara, revoltante - diria covarde, até -, mas seria mais civilizado e eficaz do que a violência gratuita: levar o caso à reitoria do campus).

Apesar de ser aceito, não conseguia digerir o fato de ter "ignorar" aquela porra toda. Estava pouco me fodendo se aqueles caras eram filhos de médicos, empresários, políticos, contraventores; tampouco se eles praticavam alguma arte marcial ou MMA (parando para pensar um pouco mais tarde, talvez não ter partido para cima deles tenha sido melhor, realmente; e por conhecimento de causa. Eu já havia sido espancado até perder os sentidos por um bando de playboys há uns dois anos, por defender duas minazinhas que estavam sendo importunadas por eles... Pelo menos, de acordo com o que me disseram depois, elas conseguiram sair correndo; contudo, se eu tivesse "apanhado" um pouco mais, talvez eu não estaria contando essa estória agora).

Eu fiquei muito puto com aquela palhaçada. Não conseguia parar de pensar no semblante de desespero e de vergonha daquelas gurias pegas por aquele bando de primatas... Pior foi pensar que havia feito algo, em caráter análogo, parecido com aquilo. Tudo bem que eu era moleque, mas o ápice da idiotice foi participar de um mega "montinho" (vocês manjam aquela "brincadeira" na qual todos pulam em cima de um pobre coitado? Pois bem, é isso). O coitado que sofreu a "avalanche humana de merda" saiu com um puta corte no supercílio, graças àquela pallhaçada toda... Desde então, confesso que comecei a ponderar um pouco mais sobre o que eu fazia ou falava perante a qualquer outra pessoa.

Aquilo também me fez lembrar do filme "Cama de gato", aquele do qual o Caio Blat participa e que, resumindo a história, um bando de retardado estupra uma guria e, dado o estado de violência e de barbárie daquilo tudo, ela acabou morrendo. Não vi diferença nenhuma naquela porra toda no campus, em comparação com esse filme.

Não sou santo, não tenho pretensão de o ser e espero não ser julgado como tal. Sou daqueles que têm de tomar cuidado para não "pegar pesado" em comentários (sou sarcástico e irônico pra cacete, reconheço); mas humilhar, constranger e ridicularizar qualquer outra pessoa, mesmo que seja um über nerd ou um playboy de merda, não é do meu feitio.

Espero que cada um desses desgraçados seja devidamente responsabilizado pelo o que fizeram, e não importa quem eles sejam ou quem sejam seus parentes. Retratar-se perante a alguém por um erro é, no mínimo, obrigatório; no entanto, há atitudes que não merecem sequer serem desculpadas... E essa foi uma delas.

ZONA DA ELEIÇÃO

Posted: segunda-feira, 4 de outubro de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , ,
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Não. Apesar de toda a revolta inerente aos últimos desdobramentos de nossa espetacular fauna política, este post não se refere à zona boêmia, ou zona "do bem", na qual a "foda" é agradável (preocupante se for sem preservativos, mas prazerosa). Na verdade, o tema será sobre a putaria (!) que rolou nas zonas... eleitorais, de todo o nosso território nacional. Desde Pelotas até o Acre.

Em primeiro lugar, vamos aos desdobramentos dos dias anteriores à "farra do boi" eleitoral, na qual colaboramos (com todo o nosso know-how em sermos palhaços) e, também, em que não faltaram pão e circo (!). Afinal, o Brasil é uma terra onde "em se plantando, tudo dá"... e onde a roubalheira sempre irá imperar.

Um certo candidato, nos confins do Brasil, proibiu que a comunidade comunicacional daquela "birosca" veiculasse qualquer fato relativo a um processo que tramitava contra ele, por legítima roubalheira descarada (uma mega filha-da-putagem, diga-se). Resultado: em forma de protesto, foi lida uma receita de bolo no espaço destinado àquela notícia. Isso lembra os nada bons e velhos tempos da Ditadura (tanto que revogaram a proibição... o TRE local mandou bem). No entanto, muitas donas-de-casa agradecem até hoje ao apresentador pelo delicioso bolo que ele lhes ensinou. 

Como se fosse a decisão da execução de um elemento, o STF votou um dos assuntos mais importantes ever: a importância suma de levar ou não o título de eleitor (você não leu errado... foi isso mesmo). Pois bem, lenga-lenga vai, caipirinha vem, "cachorrona" desce até o chão... e o documento de todo e qualquer eleitor não iria mudar porra nenhuma aquilo. Para completar, aí vão duas cerejas do bolo: a primeira, se iriam impugnar a campanha do palhaço radicado em "Sum Páulu"; e a segunda, sobre a validade do Ficha Limpa. "ÁGUA" em ambos os casos. Quem sabe a festa de 250 anos do Niemeyer teremos uma decisão. Aliás, quem se deu muito bem foi o velhinho de 102 anos: ele "ligou o botão do foda-se" para toda essa patacoada.

Vamos lá, ao dia do "sufrágio universal", à carater (ou melhor, com uma puta napa de palhaço mesmo). Tapetes de "santinhos" (inconguência incrível: com fotos de "demônios" antropoformizados) forravam as calçadas... e, se algum desgraçado de merda reclamar sobre as enchentes de janeiro, vai ficar com o nariz vermelho (e não me refiro ao nariz de palhaço). Falando no dito-cujo, o "cabra" ganhou mais de 1,3 milhão de votos... e foi o deputado mais votado, e isso aconteceu "nunca antes na História deste país". De carona, representantes do Mensalão e da classe dos gatunos federais vão conseguir uma cadeira e serão sustentados... isso mesmo, por nós.

Para foder a vida ainda mais, a tiazinha "laranja" (e nem é mecânica) foi para o segundo turno nas bandas do Paranoá (deve ter um baita curral eleitoral na Asa Sul de Brasília, só pode). Falando em currais, a "muié" do clã dos Sarney foi reeleita... sem atos secretos, de acordo com a versão oficial (divulgada pelos seus asseclas no Maranhão).

Na "terra dos tucanos", popular São Paulo, deu a triste lógica: tucanadas por mais 4 épocas... e, assim, vamos para 2 décadas de avanços... no preço da passagem, na quantidade de pedágios e de cadeias, nos motins em praça públicas causados pelos gentlement do PCC... chegaremos lá (no fundo do poço, e faremos companhia aos mineiros chilenos).

Enquanto isso, no âmbito nacional, teremos o 2º round entre a filha guerrilheira do líder sindical barbudo e entre o Vampiro do Palácio dos Bandeirantes... e isso dará medo na Regina Duarte (recado à "namoradinha" dos vovôs do Brasil: mais umas 190 milhões de pessoas compartilham seus sentimentos). Marina "Chico Mendes" Silva foi o fiel da balança... alguns tucanos e estrelas foram pintados de verde, e deram novas cores à fauna política nacional. De um lado, falam muito sobre a possibilidade de um regime "autocrático" se Rousseff for eleita, com argumentos muito fortes e pertinentes; no entanto, falaram algo sobre os 20 anos dos tucanos em Sampa? Os ataques de milícias criminosas foram abordados? (NUNCA pergunte isso ao nosso novo ("velho") governador... aquela calma em pessoa pode virar o Hulk). O apoio de Gabeira, o "Antônio Conselheiro" dos guerrilheiros na Ditadura, foi comentado negativamente? No mainstream, não mesmo.

Independentemente da decisão tomar, o faça ponderadamente. Não se baseie na opinião pública (que são os empresários e por banqueiros, que te querem ver bem... endividados, na sarjeta). Não se deixe levar por mentiras deslavadas, dados maquiados e tampouco por "trololós" de quaisquer vertentes ideológicas. Pense, pondere, provoque (se preciso).  Todavia, uma coisa é fato: depois de ontem, PIOR DO QUE ESTAVA FICOU... E MUITO.

VIDA DESAFINADA

Posted: segunda-feira, 27 de setembro de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , ,
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Ele nunca conseguiu entender por que havia brigas entre integrantes da mesma banda. Afinal, uma banda não é composta por amigos, por caras (e, às vezes por uma mulher, vocal ou baixista) que têm afinidades até quando discordam entre si? Aquilo nunca foi assimilado por ele... Era inconcebível, mesmo.

Uma das coisas que ele mais curtia na vida era tocar com seus amigos, estar ao lado de seus hermanos e tirar um som. A música era sua vida. Além de seu ofício, aquilo era o seu soma. Sem contar que tinham as gurias no backstage (o que era extremamente agradável, diga-se).  Para ele, não tinha nada melhor do que fazer música, tomar umas e rir muito ao lado daqueles que ele havia escolhido como membros de sua família, uma espécie de irmandade (Omni Dominatti Musicae? Poderia ser o nome da banda dele, até).

No entanto, meus caros, aquilo o que ele mais temia aconteceu, bem embaixo de suas narinas entupidas (não por cocaína, pois ele era averso a toda e qualquer droga, até mesmo ao cigarro da Phillip Morris, mas por causa da bendita sinusite que fodia sua respiração desde a primeira infância). Exatamente aquelas brigas entre integrantes de banda, outrora amigos. Vocês manjam a briga de egos entre John e Paul, que resultou no fim do sonho? Ou então as brigas entre Mick e Keith, que quase resultaram no fim do Rolling Stones e da parceria entre os irmãos não-sanguíneos? Pois bem, aquilo aconteceu, bem diante de seus olhos (e de seus óculos de acetato).

Toda banda tem sempre aquele cara que chega atrasado, bêbado, descompromissado aos ensaios... E, coincidentemente ou não, é exatamente o cara mais genial do conjunto. Pois bem, esse cara era o Betão, amigo de infância e irmão que ele escolheu (a única vez em que os dois brigaram foi por causa de uma guria, nos tempos do colegial, ainda... E não era tão gostosa e inteligente assim; coisas de adolescentes). O nosso personagem principal, o guitarrista-base e tecladista em algumas faixas, era o cara “certinho”, às vezes chato de tão ponderado; e Betão era o típico porra-louca, que acordava por madrugadas a fio na zona boêmia envolvido por putas... Ou seja, a música o salvava da autodestruição.

Pois bem, os atrasos de Betão estavam emputecendo demasiadamente os demais integrantes do grupo (Jonas, o vocal; Bernie, o batera, e Lisa, a baixista); no entanto, o nosso amigo sempre “passava um pano” nos atrasos do Betão. As justificativas que Gustavo (esse é o nome do protagonista dessa estória) apresentava para os lapsos de seu brother sempre soavam como “Ele é meio insano, mas é o músico mais genial que conhecemos”... No entanto, os demais membros da banda (e também amigos de  Betão) se cansaram das excentricidades do gênio, e o colocaram no olho da rua, sem choro, nem carpideira, nem nada... Foi à seco (como o próprio Betão disse, “fogo amigo”).

Gustavo foi o único a discordar da saída de seu “irmão” (foi voto vencido, na verdade); e sentiu-se, de certo modo, traído pela família que ele havia escolhido. Ele não tinha mais “tesão” em tocar com aquelas pessoas (até pensou em sair da banda e montar um projeto experimental com Betão, Beth - sua namorada - e com um baterista oriundo de um porão do underground), mas não tinha coragem de sair... Por algum motivo estranho, ainda se sentia “preso” por um cordão invisível a eles.

Ele continuou naquela banda, no final das contas, mas não tinha a mesma química de antes... A música estava começando a virar uma profissão, uma rotina; e ele odiava cair na rotina, fosse ela qual fosse. Seu prazer, além de ficar ao lado de sua namorada, era a produção de curtas metragens, seu emprego regular e que bancava a sua vida de músico, que deixava de ser a sua desintoxicação do mundo, o seu soma.

Aquela “obrigação” o corroía, tal qual ácido sulfúrico sobre qualquer superfície. A vibe no palco não era mais a mesma. Tal qual Betão, Gustavo passou a chegar atrasado aos ensaios (ele passava a entender seu amigo-irmão, sobre o “descaso” com a banda). Aquelas pessoas que antes ele idolatrava estavam se tornando um pé no saco. Não sentia mais tesão em sequer ficar perto delas. Pensou, sinceramente, em sabotar tudo; no entanto, ele não tinha condições (morais) de fazê-lo. Ele foi ficando, simplesmente ficando, mas idealizando como seria se ele saísse da banda.

A própria namorada, que sempre o apoiou em dedicar-se à banda, agora o incentivava a sair, pois sua apatia (até com ela) era notória. A música estava tornando-se um pesadelo. Até mesmo o pôster de John Lennon, seu “mestre”, causava desconforto... Ali, afixado na sua parede, quase dividindo espaço com o do Che Guevara. Algo tinha de ser feito. Ele tinha de acabar com aquele desconforto, antes que aquilo o arruinasse, psicologicamente falando.

Um dia - mais uma dessas coincidências que a vida tanto gosta -, para ser mais exato, num 10 de abril (mesmo dia em que os Beatles chegaram ao fim), ele sentenciou a sua saída daquele grupo (que, há até poucos meses, havia se transformado numa prisão), tal qual John Lennon, com a frase “O sonho acabou”. Ninguém entendeu o porquê de sua saída (talvez porque ele sempre guardou tudo para si, e só revelava para sua namorada e para seu irmão de consideração, Betão)... Talvez por isso, os demais integrantes sempre o consideraram enigmático. 

Falando em Betão, ele, ao contrário do que Gustavo imaginava, não se afundou no álcool e nas drogas. Estava cursando Sociologia numa universidade pública, abriu um desses estúdios para bandas independentes e, de quebra, seria pai (graças a uma dessas bebedeiras das quais ninguém conseguia se lembrar do que havia acontecido na noite anterior) e iria se casar com a mãe de seu “pequerrucho”.

Para Gustavo, o sonho realmente havia acabado; todavia, era hora de acordar para a vida, que estava começando. Mesmo fora daquela banda (um alívio, afinal), ele se sentia em paz... com sua namorada e com sua guitarra ao seu lado. Quanto à música, ela sempre estará presente... Seja como trilha sonora de sua trajetória, com outro grupo, whatever.

PROPAGANDA (ELEITORAL) ENGANOSA

Posted: segunda-feira, 6 de setembro de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , ,
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Imaginem uma criança numa loja de brinquedos, na qual ela poderá pegar o que quiser, sem ter de preocupar-se com preço, nem nada.Também tentem imaginar um notório glutão num restaurante self service, após ter ganho promoção na qual ele poderá comer o que quiser. Não deu? Agora pensem em um cachaceiro enólogo numa adega, na qual ele poderá degustar todos os vinhos (até aquele Merleau-Ponty da safra de 1985). O que acharam?

Pois bem, caros, agora tentem imaginar isso tudo, só que com produtos danificados e/ou deteriorados. Chegamos à propaganda eleitoral gratuita, ou o "grande circo de horrores" mesmo. E o pior de tudo é que, apesar de ser "gratuita", pagamos por essa palhaçada demonstração de mediocridade dos nossos políticos por quatro anos. Muita opção, é verdade, mas nenhuma (ou quase nada) de qualidade respeitável.

Eis o motivo pelo qual ela não é gratuita, crianças: pagamos por todas as promessas falsamente feitas e, de quebra, algumas campanhas são feitas com verba pública (!!!) em alguns casos... "Gratuita", só se for, para as emissoras (que não recebem nada, pelo fato de o conteúdo divulgado não ser de caráter publicitário). Ou seja, pagamos para ver a um show de stand-up comedy inconveniente e, pior, mais sem graça do que os convencionais.

Mais algumas situações clássicas: as ruas parecem palcos de disputas épicas entre cabos eleitorais de candidatos mas, ao invés de sangue a jorrar incessantemente, o que se vê é o derramamento desmedido de papel no chão... e daí para a poluição local, um pulo (de pulga) basta. E não são só as modalidades física e visual que causam engulhos: a poluição sonora também incomoda muito. Respondam sinceramente: o que é pior? Ouvir a namorada / esposa / fuck friend gritar histericamente ou ouvir um estarrecedor "Vote certo no Alan Neto..."? Difícil, não? Agora, imagine ouvir isso de madrugada ao meio-dia, após uma mega ressaca; e aquela música irritante acaba com mais uma noite de sono... e isso aconteceu comigo hoje.

Ainda sobre os cabos eleitorais: vocês já ouviram aquela clássica expressão "Eles não sabem o que fazem"? Pois bem, nada mais apropriado para eles do que ela. A guria que distribui "santinhos" (de demônios antropoformizados), o garotinho que faz boca-de-urna (não é o que vocês estão pensando, para princípio de conversa) e, até mesmo, o motorista do carro da chacina carro de som do candidato X não têm ciência do mal que estão fazendo e de que, até mesmo, são vítimas de um sistema do qual, inconscientemente, eles estão integrando. O maior culpado é aquele filho da puta candidato sorridente, que mostra extremamente solícito e simpático (até beija testa de criança... deixe-o ser eleito e conheça sua verdadeira personalidade).


Enfim, antes de tomarem qualquer decisão, ponderem muito, analisem o histórico de seu candidato antes de tomarem atitudes precipitadas, não deixem-se serem capitaneados pelo o que a opinião pública (que não é a "voz" da sociedade) divulga a esmo... Exerçam o senso crítico e não deixe-se ser guiado pelo senso comum. Qualquer decisão mal analisada pode resultar em quatro (!) anos. Ah!, o mais importante: não se deixem levar por propagandas enganosas (nem sempre uma boa embalagem guarda um produto de qualidade).

JORNAL PARADOXO

Posted: domingo, 29 de agosto de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , ,
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Todos sabem que jornais digitais são fontes de erros e de notícias insólitas em abundância, especialmente para caçadores ávidos por encontrarem deslizes (sejam eles ortográficos, sintáticos, simples "barrigas", whatever). Nesta semana, por acaso, encontrei um desses dados insólitos em um jornal eletrônico de grande porte (o chamemos pelo nome fictício de Folha de S.Paulo). A notícia? Uma possível suspensão a ser aplicada sobre Luís Felipe Scolari, técnico do Palmeiras, referente a uma discussão com um árbitro. O fato grotesco? A inserção de o termo "porra" no texto, após reprodução na íntegra de uma frase dita pelo treinador (vocês não leram nada errado: havia uma "porra" no caralho do texto).

Pois bem, ver um termo "chulo" num texto não é algo muito aconselhável e comum; no entanto, há fatos muito mais delicados e questionáveis que passam desapercebidos pelos focinhos dos farejadores de erros e pelos falsos moralistas de plantão. De acordo com o nosso amigável e querido (?) Senso Comum, praticamente uma entidade onipresente, proferir um "palavrão" é um crime passível de um tapa na boca (como me dei mal por isso na infância) ou, até mesmo, de envio para trabalhos forçados na Sibéria ou de "trabalho voluntário" nas eleições. Todavia, galera, há "coisinhas" muito piores e que são ignoradas despudoradamente pelos arautos da moral e dos bons costumes... Uma criança fazendo malabares no semáforo, por exemplo.

Querem exemplos? Eles não faltam. Vamos lá, então. Remontemos aos tempos da ditadura (isso mesmo, o regime militar que fodeu prejudicou enormemente o bom senso e a inteligência de uma nação). Dizer que o povo queria ter a chance de escolher quem seria o governante ou, ao menos, ter voz ativa era motivo para porradas, cacetadas, retiradas de unhas com pés-de-cabra ou, até mesmo, de paredón, compañeros; todavia, estimular a percepção de a realidade distorcida era passível de homenagem de honra ao mérito no Congresso (o fato de um certo general dizer que assistir o noticiário na emissora-mãe à noite era reconfortante explica alguma coisa?).

Não está contente? Voltemos aos dias atuais. Reza a lenda que ouvir músicas ou assistir a programas, filmes, o cazzo, que abordem e/ou critiquem temas violentos podem formar pessoas violentas ou, até mesmo, potenciais delinquentes (uma coisa é criticar; fazer apologia ao crime é outra história... E já posso ver mães desesperadas, a imaginarem que seus queridos e "ingênuos" filhinhos - e filhinhas - sejam marginais); buuut, assistir a cenas calientes na novela das 8 (que começa sempre às 21h), com conteúdo inapropriado para crianças e para pré-adolescentes (as crianças metidas a adolescentes) não implica em problema algum, e tem até a bênçao das mesmas mães que têm espasmos ao pensar que seus filhinhos ouvem a músicas de protesto, compostas por supostos delinquentes e subversivos (um recado a essas mães: não se espantem se seus "pequerruchos" cometam burradas homéricas, após absorção subcutânea de conteúdos não recomendados para eles, seja por meio de novelas ou de "noticiários" embebidos por muito sangue).

Não obstante, as mesmas pessoas que falam pelos cotovelos que a Ditadura não passou de uma "ditabranda"  e que apavoram ao ouvir um palavrão maroto são as mesmas que fecham os olhos para o garotinho malabarista no semáforo e para os escândalos na Câmara dos Deturpad... digo, dos Deputados (aliás, o horário político transformou-se em um grande circo dos horrores; e muito disso se deve a anos de lobotomia coletiva promovida pelo regime militar). No livro clássico "1984", de George Orwell, questionar era algo impensável e crime inafiançável, ao mesmo tempo que dissimular a realidade na "caruda" era regra.

Faço uma proposta indecente a vocês: pensem sobre o que é mais condenável. Um palavrão é mais grave do que várias pessoas serem submetidas à insegura alimentar grave (vulga fome)? Ouvir músicas de protesto e de contestação são mais condenáveis do que uma cena tórrida no horário nobre? Questionar as mazelas sociais ao seu redor é tão estarrecedor quanto assistir passivamente aos mandos e desmandos de mandatários e de candidatos a governantes? Ver "presuntos" nas ruas e submeter-se ao sensacionalismo barato é normal? Pensem nisso, chicos y chicas.

COVERS (NEM SEMPRE) NOTÁVEIS (3)

Posted: segunda-feira, 23 de agosto de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , , , , ,
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Você já ouviu falar em James Newell Osterberg? Não mesmo? E se lhe disserem que ele foi vocalista de uma das bandas mais influentes dos anos 60, o The Stooges? Nem se lhe disserem que ele é dono de sólida carreira solo? Essa dica será definitiva: vocês conhecem Iggy Pop?

Pois bem, todo mundo ouviu falar sobre Iggy Pop ao menos uma vez na vida. Ele, em âmbito mainstream, é conhecido por ter comido feito parcerias musicais com David Bowie e com Katie Pierson, do B-52's; e, como se não bastasse, ele também é do grupo dos maracujás de gaveta conhecido por ser adepto da teoria de Keith Richards e por ter estilo de vida extremamente regrado.

No entanto, hermanos(as), o motivo deste post é o seguinte: há pouco mais de um ano, o dito-cujo lançou o álbum "Preliminaires", no qual há flerte intenso com o Jazz (você consegue imaginar um punk interpretando canções do ritmo de Nova Orleans? Eu também não conseguia; no entanto, vale a pena ouvir o álbum com atenção). A "cereja do bolo" deste trampo de James Osterberg (ou Iggy Pop, Bowie, whatever) é a cover de "Insensatez" ("How insensitive", na gringa), música eternizada pelos eternos Tom Jobim e Vinícius de Moraes, o embaixador póstumo. Se vocês quiserem conferir o resultado da cover, eis o produto final.





Para quem quiser enriquecer os horizontes musicais e dar uma checada na versão eternizada pela dupla Tom e Vinícius, a obra-prima está aqui.

Hasta la vista, chicos y chicas.

SÓ LIGARAM PORQUE...

Posted: terça-feira, 17 de agosto de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , ,
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Uma ligação. Uma simples ligação, de uma amiga, num momento inesperado. Ele jamais esperava que aquilo pudesse ser, ao menos, um sopro de perspectiva de mudança em sua vida, até então previsível e enfadonha. A vida de contador não lhe agradava mais; logo, não é preciso ser Steve Jobs para supor que tudo o que ele queria era mudar de ares, dar um pouco de emoção à sua vida; quiçá, passar sua vida a escrever e a fotografar. Sorrir? Essa palavra estava quase esquecida em seu vocabulário...

O estúdio de Fotografia ao qual ele foi era bem pequeno, quase familiar; no entanto, aquilo era quase o Olimpo... pero, suas expectativas eram pequenas, direcionadas a longo prazo (um defeito do cara sobre o qual estou falando: ao mesmo tempo em que ele não desistia de seu sonho e lutava ferrenhamente por ele, sua falta de auto-confiança o fazia sentir engulhos ao se olhar no espelho).

Enfim, a vida seguia, e da mesma maneira de antes... O dilema entre realização profissional e senso de sobrevivência lhe tirava a paz de espírito e, de quebra, sua úlcera crescia um pouco a cada dia. Se uma música o definisse, essa seria “Creep”, do Radiohead (tal qual Thom Yorke, ele se sentia um “mané”)... ou seria “Loser”, do Beck?

Muy bueno, outra ligação surgiu em seu celular. Seria aquilo o que ele esperava? Uma resposta negativa? (Outro aspecto, digamos, questionável do personagem: ele sempre esperava o pior em tudo... nem precisa dizer o quão ansioso e receoso ele é). O tempo parecia ter parado, assim como sua respiração. Sua voz saía com dificuldade ímpar, igual a um noivo no momento de dizer “Sim”. Seus ouvidos, assim como o seu pensamento e suas pernas, não o obedeciam. No entanto, igual a um piloto que ouve da equipe pelo rádio que tornou-se campeão mundial, foi possível decodificar a seguinte frase: “Você pode pedir desligamento da sua empresa... Iremos contratá-lo”.

Lágrimas tinham de ser contidas; assim como a voz estava embargada. Engraçado: como aquilo o que ele sempre sonhou pôde ter se tornado motivo de choro e de dúvidas? Na verdade, a separação de seus amigos de anos a fio o assustava. O “novo” o entusiasmava - ele era adepto a teoria de David Bowie, na qual é preciso encarar o estranho -, mas a redução do contato com aquelas pessoas com quem ele convivia até então mais do que com sua própria família tornou-se penoso.

Como já disse Newton certa vez, “uma ação resulta em uma reação de mesma intensidade e força” - seus conhecimentos em Física se resumiam a esse conceito -. Tudo tinha um preço, ele já sabia, mas era algo um pouco mais caro do que ele gostaria.

Resumo da ópera: sua vida mudaria, e era exatamente o que ele queria; no entanto, ele continuaria o mesmo cara easy going, como ele sempre fora; e, por mais que ele aprendesse uma porrada de novas informações, até mesmo a falar húngaro (como disse Chico Buarque, o único idioma que o Diabo respeita), ele não iria mudar de amigos; tampouco de suas origens.

GRACIAS A LOS PADRES

Posted: domingo, 8 de agosto de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , , , , ,
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Dia dos Pais. Data meramente comercial e, por isso mesma, adorada por comerciantes e por porcos capitalistas em geral. Impressionante é que todos nós caímos que nem patos nas promoções e nas prestações a LONGO prazo (temos de deixar alguma coisa para os nossos herdeiros, não é?).

É meio estranho estabelecermos uma data para os pais, para as mães, até mesmo para a sogra ["comemorá-la" é equivalente a deixar a sua quebrada em luto por três dias... shit happens]. Quero ver fazê-lo para o cobrador de ônibus, para o coletor de lixo, para o eletricitário - antiga profissão do meu velho, diga-se -, para o carcereiro (engraçado, por que as profissões "vitais" são as mais menosprezadas?). Não obstante (todo pseudo-cult tenta inseri-la em qualquer lugar, para dar ares mais "pomposos", digamos), uma pessoa não é somente pai por um único dia no ano, mas por uns 365 anuais, apenas (a cada 4 anos, por 366)... como diriam os devoradores-mor de sanduíches e de cachorros quentes (os norte-americanos... aqueles ali em cima, que se acham os maiorais e que têm o pescoço vermelho), por "24/7".

Enfim, reflexões consumistas-insossas à parte, todo filho, por mais descolado e inconsequente que seja, é reflexo do meu pai (o meu não gostaria de ouvir isso... até parece que ele ficaria feliz em saber que tem seu reflexo em um cara loser e senseless; e não me refiro ao meu irmão). Vide Fábio Júnior e um certo artista teenager sobre o qual não falarei mais do que isso. Não agregam nada, culturalmente falando (o "pai", ao menos, fez uma obra-prima: a Cléo). Outro exemplo? Mario, Michael e Marco Andretti. Velocidade no sangue, buuut... o avô não deve sentir muito orgulho do neto; e o pai (Michael) deve estar a pensar em como demitir o filho (Marco) sem ofendê-lo. Mais? John Bonham, fundador e batera legendário do Led Zeppelin, um dos caras mais inspiradores e importantes da história do Rock, e Jason Bonhan, filho da lenda... substituiu o pai em alguns shows, há uns anos (não acredita? Assista a esta pedrada na janela do vizinho).

Não importa o que ele faça, respeite ao seu pai a cada instante, não importa o que ele faça (mesmo que ele seja um palhaço do circo sem futuro). Aproveite cada momento ao seu lado. Valorize o seu ofício pois, graças a ele, você pode ir a baladas, encher a cara no boteco do Zé, gastar sua mesada num certo "estabelecimento" da rua Jovita (a não ser que seja algo ilícito... mas isso é uma outra história). Você não quer ver seu filho ser leviano ou cometer atos um tanto condenáveis, né? Não trata-se de um discurso moralista, pero, pense nisso.

Bueno, vamos à sugestão musical do dia... um tanto oportunista, reconheço: "Sometimes you can't make it on your own", do U2. Para quem não sabe, Paul Hewson, vulgo Bono Vox (cara, de onde surgiu este apelido?),  a compôs em homenagem a Bob Hewson. Este sobrenome não é similar ao do frontman do quarteto irlandês? Yes, dude, Bob é o pai de Bono. Bueno, Bob Hewson faleceu em 2001, e Bono compôs esta música em homenagem a ele... se quiser conferi-la, você pode pode ouvir ao álbum "How to dismantle an atomic bomb", de 2004, ou assistir ao vídeo a seguir (há quem diga que "One" também o é, buuut... diz a lenda que também faz parte de uma campanha de prevenção à AIDS).



Aos que não forem pais, aproveitem cada momento ao lado deles (fui meio repetitivo... sorry). E aos que já forem, Feliz dia dos Pais! (e felizes 365 / 6 dias também... afinal, ser pai é um dom, não?). Hasta la vista!

McCÂNCER SOCIAL

Posted: sexta-feira, 23 de julho de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: ,
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"Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, pickles e (...)"... o resto vocês já sabem, e não me darei ao trabalho de continuar a cantar (sic) esta musiquinha tosca. O que eu direi (ou irei escrever?) vai deixá-los deprimidos, abatidos, quiçá poderá torná-los potenciais suicidas: todos gostamos do McDonald's, mesmo sabendo que seus lanches são tudo menos saudáveis. Fato.

Outra coisa que dói igual ao som das vuvuzelas, mas é outra verdade (praticamente) irrefutável: gostamos de copiar tudo o que vem da gringa - isso já é uma instituição nacional, diga-se. Os mexicanos também apreciam os costumes estadunidenses como quem toma água de uma fonte risonha e límpida, mas ao menos dá uma "nacionalizada" na história: os tacos, sandubas com cactus e com calangos, são a versão de sombreiro e de bigode (do cara quem prepara os lanches) do Big Mac.

No entanto, vamos a um "mini recapitula" da história do McDonald's, baseada em dados fictícios: viajemos ao longínquo ano de 1937. Os EUA começavam a se recuperar, por meio de remédios tarja preta de muita roubalheira, da Grande Depressão que nem Freud conseguiu explicar. John Smith McDonald, fazendeiro texano que não achou um poço de petróleo no seu quintal, teve uma ideia digna de velhaco altamente empreendedora: decidiu dar serventia às minhocas de sua propriedade (quase um aterro), customizou os legumes rejeitados pelos porcos e "maquiou" os pães com fibras (do reino fungi), e criou um monstro uma das criações mais famosas dos tempos modernos: o Big Mac.

A ideia de vender lanches à base de alimentos porcamente selecionados parecia, de cara, doentia; mas, contudo, todavia (tá bom, parei por aqui), deu certo... lembremos que, durante o "tsunami" econômico, ninguém tinha nada para comer... nem mesmo milho. Para completar, a associação às batatas fritas roubada de um navio de legionários franceses e de uma certa bebida feita à base de esgoto (com o nome fantasia de Coca-Cola) formou um combo praticamente imbatível... e aí começou o começo do império McDonald. O tiro de misericórdia foi a formulação do sistema de franquias, inspirado em projeto semelhante de uma igreja / emissora televisiva brasileira... daí, a queda de barreiras internacionais foi um pulo.

Após a expansão imperialista chegada do McCâncer à terra que tem palmeiras onde canta o sabiá, o brasileiro, povo sem auto-estima receptivo a novidades da gringa, abraçou intensamente a causa e a mandou para a barriga cheia de vermes e de bernes pança com essa iguaria nada nutritiva e saborosa (Norman Sporluck mostra o quão saudáveis os lanches do McCâncer são em Super Size me)... e vivemos felizes desde então, com o nosso pão e circo simplificado ou, se preferir, o McLanche Feliz.

Enfim, apesar dos pesares, mesmo com todas as críticas possíveis e imagináveis ao assunto-base deste post, ir ao McDonald's é um senso comum... O que nos resta é pedir um lanche e sermos felizes (fritas pequenas ou grandes?).

Enfim, isso é tudo, pessoal.

EFEMÉRIDES DA MANDELÂNDIA

Posted: domingo, 18 de julho de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , , ,
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Pois é, galera. Primeira semana após o fim da Copa do Mundo... fica aquela sensação de que "o fim não tem fim", como diz uma música do The Strokes, alternada com o sentimento de vazio; de depressão, talvez. Não só pelo final do período de trinta e poucos dias de overdose de o "esporte bretão" na tela daquele televisor de 42 polegadas com Full HD (aquela mesma que te faz lembrar as 257 prestações a serem pagas, naquele carnezinho clássico de uma certa loja de eletroeletrônicos e o escambau), mas por pensar em todos os momentos que você perdeu por causa do placebo em âmbito mundial.

Pelo espetáculo, pela festa, pela repercussão na quebrada (quase) idealizada por McLuhan (twittadas & afins), a XIX edição do torneio de peladas idealizado por Jules Rimet (é, aquele mesmo quem deu nome à taça derretida pelas bandas de cá) valeu mas, pelo futebol... só não deixarei para lá porque o post acabaria por aqui. Essa Copa foi a mais cinematográfica da História, graças aos super slow motions, à pirotecnia e aos erros homéricos, dignos dos pastelões clássicos da "Sétima arte"; sem contar o famigerado recurso do beijo no final (se vocês não viram o beijo que Casillas arrebatou de sua namorada e repórter, Sara Carbonero, após uma bravata, cliquem aqui)... esse paralelo traçado sobre esse mundial e o Cinema já havia sido traçado no caderno Sabático, do Estadão, mas não me recordo quem o fez.

Falando sobre o tão famigerado e paradoxalmente amado e odiado Futebol, esse foi tão somente um coadjuvante desta vez. Culpa de quem? De Dunga (falar mal dele virou senso comum, mas ele teve parcela MUITO grande de culpa pela campanha insossa da "legião de guerreiros" brasileiros enviada às trincheiras da África do Sul), de Maradona, Mick Jagger e de seu pé glacial, da Jabulani, do polvo Paul e de Larissa Riquelme (aiai...). Logo, as personalidades, as picuinhas generalizadas e as personalidades destacaram-se mais do que o bom futebol, afinal.

Sobre a atuação do Brasil, limito-me a dizer o seguinte: a megalomania de Dunga, o "futebol de resultados (duvidosos)" e o nervosismo excessivo em campo (reflexo da "vibe" do banco de reservas) derrotaram o escrete canarinho... ou seja, o Brasil foi o seu próprio algoz; e a pá de cal, a "espremida de laranja" do Felipe Melo.

Sobre os "hermanos", não dá para falar somente do massacre provocado pela blitzkrieg do "exército" de Löw, o melequento (apesar de que valeu boas risadas por aqui). Por mais difícil que seja para admitir, Don Diego Armando Maradona foi uma das personalidades desta Copa, apesar de toda a sua empáfia, antipatia e arrogância, já notórias - será que somente eu achei isso, ou ele realmente lembrava uma espécia de Don Vito Corleone portenho? De quebra, ele "conheceu" Müller, um dos algozes dos argentinos (para quem não sabe, o mesmo Maradona recusou um singelo autógrafo ao mesmo Müller no começo deste ano, por achar que o jovem alemão fosse um gandula).

Para coroar o "Momento 'O mundo dá voltas'", esta merece menção honrosa: em 2000, o então técnico do Real Madrid, Vicente del Bosque, não acreditava no potencial do jovem goleiro de seu time, um jovem de 18 anos chamado Iker Casillas (a desconfiança era grande ao ponto de "apenas" del Bosque virar-se de costas a cada ataque adversário, para não ver o desfecho de cada jogada)... e, DEZ anos depois, o mesmo del Bosque sagrou-se campeão mundial, e viu o capitão de seu time, o mesmo Casillas, erguer a taça e tornar-se herói nacional.

Mais algumas efemérides, que não poderão ser detalhadas (muita informação, you know): o revival da Revolução Francesa, a tragédia à italiana, o azar do Mick Jagger, o "Cala boca Galvão", a "antropoformização" da Jabulani, o tormendo causado pelas cornetas do diabo vuvuzelas, o epic fail da Nike (apesar de que a trilha sonora do comercial é perfeita), o renascimento da Celeste, com direito à escolha de Forlán como melhor jogador e todo o resto... além de Paul, o polvo vidente, ter se safado da paella acertado todos os resultados e "cravado" a Espanha como campeã mundial.

No entanto, meus caros, o melhor momento da Copa do Mundo foi a tentativa de Jimmy Jump de erguer a taça, mas os seguranças brucutus não o permitiram... a esta hora, o "pobre coitado" deve estar a sofrer torturas inimagináveis em alguma prisão turca... ou nos confins da Sibéria, afinal? Após as imagens abaixo, tirem suas conclusões.



Enfim, "that's all, folks"! See ya'll soon.

NUNCA MAIS? (PARTE 3)

Posted: sábado, 10 de julho de 2010 by Mau Júnior in Marcadores: , , ,
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Bastou Ana Maria dizer que tinha medo de viajar de avião que o mundo - e o próprio avião - viraram de ponta-cabeça. O tripulante orientou os passageiros, por meio de voz trêmula, a aperterem os cintos, por motivos óbvios; e o pânico era evidente no ar (pressurizado), tangível talvez... uns choravam (além das crianças, é claro); outros falavam frenética e desesperadamente. Não obstante, alguns não reagiam, mas estavam com o olhar distante, assustado e resignado, como se estivessem esperando pelo pior.

Eu estava atônito, torcendo para que aquilo fosse um pesadelo e para que eu acordasse logo - ofegante, seguramente... Apesar de ser algo surreal, a turbulência estava acontecendo, de fato. De repente, tal qual um déjà-vu, aquela "sensação estranha" que tive no táxi voltou à tona. Nunca tive tanto medo de não voltar a nadar - eu não o fazia há anos -; e temia, de coração, a não sentir o aroma do café expresso. Temia nunca mais admirar Maria Luíza ao amanhecer (até nos meus prováveis últimos instantes eu pensava nela, cazzo!).

Ademais, a ideia de nunca mais falar com o meu "velho", em especial, me aterrorizava. Aquilo me impôs um sentimento de culpa tão grande quanto o (seguramente) sentido por Cerezzo, ao errar o passe que resultou no gol de Paolo Rossi e, de certo modo, na eliminação do Brasil perante à Azurra em 1982... queria demais pedir perdão ao meu pai pelo meu egocentrismo juvenil. Também passou um flashback da minha vida diante (?) dos meus olhos: a minha infância no subúrbio de São Paulo (ou melhor, em Guarulhos), a minha adolescência paradoxalmente nostálgica e conturbada (acho que o meu mau-humor de hoje se deve à minha introspecção intensa de outrora); os dias - e noites - com Maria Luíza... Até imaginava as manchetes dos (tele)jornais do dia seguinte: "Queda de avião mata 100".

Ao ter consciência de que eu seria um daqueles cem, me desesperei. Eu tive a sensação de ter ouvido o Corvo de Edgard Allan Poe sussurar em meu ouvido "Nevermore" (em bom português, "Nunca mais"). Durante aqueles intermináveis minutos, eu havia me esquecido completamente da existência de Ana Maria... O desespero, contido porém visível, em sua expressão me instigou a tranquilizá-la... mas eu não sabia como fazê-lo (palavras reconfortantes nunca foram o meu ponto forte). Não tive muita escolha (moral); logo, comecei a dizer-lhe que tudo terminaria bem, que conseguiríamos pousar sãos e salvos em terra firme - sem convicção alguma no que eu mesmo dizia, confesso. Meio que por condescendência, Ana Maria concordou (ou fingiu?) com o que eu dissera. Confesso que estava com medo de cair no clichê do tipo: "Não importa o que aconteça, mas saiba que gostei de conversar contigo..."; contudo, para minha surpresa, ela o fizera.

Pouco depois dessa declaração inesperada e improvável por parte dela, tal qual um passe de mágica, a turbulência começou a tornar-se mais branda e, consequentemente, o voo estava se estabilizando. Parecia até que a passagem pela sucursal do "Triângulo das Bermudas" estava se encerrando (para o alívio de todos aqueles dentro do avião, foi o que ocorreu de fato). Não conseguia dizer mais nada a Ana, e ela também estava em silêncio (não sabia se queria desembarcar o quanto antes, ou se queria se ver livre de mim). Estávamos numa espécie de "agradecimento mútuo e tácito", por um estar ao lado do outro.

Finalmente, o pesadelo estava se acabando - juntamente com a pista de pouso. Estava pouco me importando com a bagagem, tampouco com o check-in no hotel... só queria estar com os pés em terra firme. Após eu e Ana Maria termos desembarcado - e a voltarmos a respirar -, vimos bombeiros, médicos, policiais e (adivinhem!) alguns repórteres no aeroporto (eu não queria ter a minha cara estampada num telejornal - e, para a minha sorte, ela também não). Após conseguirmos nos esquivarmos dos "urubus" da imprensa (atrás de "carniça"), fui ao banheiro... para, enfim, colocar toda a angústia, desespero e raiva para fora, em formato de lágrimas.

O pior havia passado... ainda bem que a "pseudo-EQM" havia acabado. Não sabia definir, ao certo, se estava aliviado por ir ao congresso para professores "fodidos" de Literatura, ou enraivecido mesmo - por causa desse evento eu quase virei um corpo somente identificável por meio de exame na arcada dentária. Como prêmio de consolo, eu teria a companhia de Ana Maria durante - e após - os debates e as palestras, por uma semana.