TWENTY YEARS GONE
Posted: domingo, 22 de junho de 2014 by ajeugenio in Marcadores: Brasil, Futebol, Pai, Romário
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Ainda era um pirralho de 5 anos que estava começando a entender o que era o futebol. Até então, esporte para mim se resumia a sair correndo sem rumo e dar de cara com paredes, o que deixava alguns "galos" na cabeça, além de chutar uma bola, mas sem direção, eira, nem beira. Fora isso, a minha vida se resumia a assistir desenhos, brincar de Lego e desenhar carrinhos de Fórmula 1 em folhas brancas de sulfite (Freud explica?)
Pois bem, conto isso porque há vinte anos (exatos? Não sei) tive a primeira lembrança pra valer relacionada ao futebol. Brasil x Camarões, EUA, 1994. Até então, ainda tentava entender qual era a graça em ver um bando de retardado correndo atrás de uma bola - nem preciso dizer que não manjava quem era o "cara de preto", né? Tudo o que consigo é de me lembrar de flashes da minha família indo assistir àquele jogo na casa de um amigo do meu pai. Das poucas lembranças, de um bando de negão contra uns caras de amarelo, que ganharam a minha simpatia - confesso que queria ser que nem eles, o que era uma doce ilusão. Eu, magrelo e mirrado, parecido com Roger Milla? Don't fuck with me.
Sei que aquele jogo foi 3 x 0, mas me lembro de um gol do Romário, frente a frente com o goleiro - aquele que tem a narração "Vamos, garoto! Vamos, garoto!", com a assinatura do Galvão Bueno, que não calava a boca desde aquela época. Lembro também da gritaria a cada gol e da expressão empolgada do seo Amaurizão, meu pai e mentor.
Mais do que ter a primeira lembrança de fato sobre futebol, fui fisgado pela dicotomia entre paixão e raiva que essa porra de esporte proporciona. Também entendi toda a mística que envolve uma Copa do Mundo - leia-se o que rola em campo. Há não muito exatos vinte anos, parte importante do meu caráter e de quem eu sou havia sido moldada. O futebol começou a existir para mim naquele mesmo dia.
É isso.