Esquecer

Posted: quinta-feira, 25 de julho de 2013 by ajeugenio in Marcadores: , ,
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Saiba que aquele bilhete deixado na mesa, embaixo daquele Kafka, me faz ir às lágrimas até hoje. Faz um ano desde aquele dia, que por sinal fodeu com a minha vida desde então e não consigo esquecê-lo. E olha que tento me fazer de durão, como sempre fiz e você sabe disso. Ter de ler: "Cansei da sua loucura e da sua insegurança disfarçada de arrogância. Te amo, mas não dá mais!" doeu tanto quanto as porradas do Weidman no Anderson Silva. Mesmo assim, dava pra entender. Mas citar Jeff Buckley foi muita filha da putice da sua parte, saiba disso. Caralho, você sempre soube que choro que nem criança quando ouço Forget Her e So Real! Você não tinha esse direito.

Tá, admito que nunca fui grande coisa. Todas as suas queixas sobre eu não te amar não faziam o menor sentido. Você nunca me deixou te dizer que a minha aparente indiferença era desilusão. Sim, desilusão, mas por ser incapaz de ser o homem que você merecia ter por perto. Soube pela Lia (ao contrário do que você jura de pés juntos, nunca fiquei com ela enquanto estivemos juntos) que você encontrou alguém que te trata como você merece e te faz se sentir mais amada. Saber que ele é um coxinha de merda é desolador, mas pelo menos você está feliz. Isso alivia um pouco a dor, pelo menos.

Não sei se você teve mais notícias de mim (espero que não, pois só fiz mal para você, aposto), mas o meu comportamento não anda tão autodestrutivo como podem ter te dito por aí. Tá bom, reconheço que tenho bebido um pouco mais do que o normal, vá lá, mas tenho de ter o mínimo de bom senso nessa porra de vida. Aquele trampo na livraria rende uma mixaria, você sabe, e o aluguel tá mais caro. Nem falo porra nenhuma da banda larga e das outras contas porque não quero ficar com mais pena de mim do que a que já se tornou habitual desde que você partiu e nunca mais voltou (com tanta música do Tim, por que tinha de lembrar logo dessa, porra?!)

Falando em música, tudo lembra você. Sabe o vinil do Exile On Main St., aquele que nem fodendo deixava você tocar? Cada faixa lembra todas as vezes que transamos enquanto ele rolava ao fundo, daquele dia em que pintamos o apê (foi engraçado, diz aí), cada vez que ficávamos grudados um ao outro no sofá... Então, tá foda até mesmo olhar pra capa. Talvez descole uma grana se eu vender no sebo do Zézinho, se pá. Los Hermanos, então, fere os ouvidos e a alma. Sem contar que não tô mais com saco pro pedantismo daquelas letras que me pareciam incríveis até você cair no mundo. O bom e velho B.B., o rei, tem sido a minha companhia habitual. Devidamente acompanhado pelo igualmente bom e velho Jack, é claro. Em que momento deixei de ser o cara blasé que sempre fui até te conhecer pra virar aquele loser do caralho do (500) Dias Com Ela? Foda que nem posso te culpar por isso.

É foda dar o braço a torcer, mas você ainda faz parte da minha vida, por mais que eu tente te esquecer. Todos os porres nos últimos tempos foram pra te deletar da minha mente. Todas as mulheres com quem fiquei nos últimos tempos - as que paguei, inclusive -, todas elas foram tentativas desesperadas de te esquecer (mesmo assim, nunca fiquei com a Lia, já te disse isso?). Todas as crises de choro que tive desde então foram de desespero por não conseguir esquecer de que te amo, que te amo muito mais do que a mim mesmo. Acho que ando tão chato que até o Betão e o Bernardo estão evitando fazer rolês comigo, de tanto que fico reclamando da vida. E olha que desde os tempos de escola fomos inseparáveis.

Enfim, tudo o que quero é que você seja feliz, mesmo com aquele coxinha de merda. Não se preocupe comigo, pois já me acostumei com a melancolia. Fique em paz e cuide bem de você. É a única coisa que ainda me importa.

2 comentários:

  1. Anônimo says:

    Quando Los Hermanos perde o gosto é melhor assumir o luto e em seguida começar uma nova vida. Acredite.

  1. ajeugenio says:

    Acredito, Lí. Todo carnaval tem seu fim...