ÍDOLOS = SERES COMUNS

Posted: quarta-feira, 18 de maio de 2011 by Mau Júnior in Marcadores: , , , ,
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"Eu também mijo e cago, como qualquer outra pessoa". Esta frase poderia ser dita por mim, pelo João, pelo português da padaria, até mesmo pelo "poeta do boteco da esquina" (de onde vocês acham que os poetas de outrora tiravam inspiração? Da arquitetura do Parnaso?); no entanto, crianças, o autor desta pérola foi o ator pornô José Mayer. Para muitos, ele é um mito, quiçá uma divindade, um ser inacessível, inatingível; e tudo isso graças à sua (mega)exposição no mainstream, em tons marinhos (if you know what I mean). Essa intro (ou um puta "nariz-de-cera", como preferir) tem um simples objetivo: mostrar que personalidades e pseudo-celebridades são apenas reles mortais, assim como qualquer um de nós.

Vocês já pararam para pensar que, inconscientemente, somos impelidos a "endeusar" uma pessoa que tem projeção midiática, por menor que seja? Quer provas? Quem nunca deu "boa noite" ao William Bonner, mesmo após ter rolado aquela clássica comparação do espectador daquele telejornal (sobre o qual me recuso, terminantemente, a dizer o nome) ao Homer Simpsom? Qual garota que nunca colocou o pôster do pseudo-galã de quinta categoria (e da moda) na parede do quarto, ou fez uma daquelas cartas de 5 km para enviar ao cabra? E quem nunca presenciou discussões sobre o caráter do ator (ou da atriz) A, B ou Z? Ou seja, por mais que não queiramos admitir, tratamos-os(as) como seres superiores, que estão um pedestal acima de todos nós.

De acordo com o meu pai o dicionário, ídolo significa "personalidade que desfruta de grande popularidade", ou "pessoa pela qual se tributam louvores excessivos ou que se ama apaixonadamente". É essa segunda definição a atribuída à maioria das pseudo-personalidades, que passam a ser (equivocadamente?) endeusadas. Pois bem, de acordo com opiniões que nem bêbados respeitam observações empíricas, a maioria esmagadora de pseudo-celebridades parece deixar os "15 minutos de fama" subirem à cabeça, e perdem completamente a linha. Nem vou me dar ao trabalho de falar sobre os caras do pseudo-jornalístico e pretensamente humorístico CQC (estudo de caso, diga-se), pois os atos falhos e sucessivos lapsos cognitivo-morais (ou seja, burradas e afins) são notórios... Sem contar a aura de semi-deuses que os integrantes carregam, é claro. 

Há relativamente pouco tempo, as mídias sociais (entenda-se Twitter) meio que quebraram o Muro de Berlim existente entre celebridades e meros mortais, como nós... E o efeito foi devastador. Pessoas que tinham reputações (supostamente) irretocáveis, como Gal Costa, Xuxa, Neymar (um garoto, é bom que se diga), sem contar BBBs e toda a sorte de alpinistas midiáticos, passaram a ser vistos como pessoas que "mijam e cagam" (lembram-se da frase filosofal de Zé Mayer?). O motivo, crianças, é simples: as máscaras caíram... Ou melhor: traços comportamentais vieram à tona. Na maioria das vezes, o egocentrismo permeava tudo.

Agora, o ponto-chave disso tudo: essas mesmas pessoas são, supostamente, exemplos comportamentais, socialmente falando (em quem você acha que os meus irmãos mais novos se espelham? Não pode ser em mim, em hipótese alguma). Isso não quer dizer que eles devam ter comportamento pasteurizado, politicamente correto (falar palavrão pra caralho é preciso, um porre não faz mal a ninguém), mas há paradigmas sociais que não podem ser quebrados, como o bom convívio social (além da empatia, é claro). Galera, fazer piadas sobre estupro, citações infelizes sobre Auschwitz são menos ainda recomendáveis (mesmo que seja para provocar a galera de Higienópolis). Não é preciso ser politicamente correto, até porque é um puta pé-no-saco, mas o bom senso, ter consciência de seu papel, socialmente falando; e, principalmente, reconhecer que se é uma pessoa como qualquer outra são requisitos fundamentais para todo e qualquer indivíduo postulante ao papel de ídolo.

Enfim, não é preciso ser um gentlement ou uma "princesa" (outra convenção social ridícula, diga-se), mas saiba muito bem que toda ação resulta em uma reação de mesma intensidade e força. E para vocês, crianças: celebridades não são semideuses (ou semideusas). O recado está dado.

Au revoir, Shoshanna!

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