DESCULPAS VAGAS E CANALHAS

Posted: sábado, 15 de setembro de 2012 by Mau Júnior in Marcadores: , ,
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Estávamos vivendo uma relação bem desgastada, sabe? Você estava fazendo cobranças em excesso – para lá de plausíveis, devo dar o braço a torcer -, eu estava recebendo pressão de todos os lados... Isso sem contar o pânico, desespero, mais e mais contas para pagar. Estava insuportável. Foda, mesmo. Pensei em sumir, colocar a mochila nas costas e o pé na estrada e ligar o foda-se. Tudo só para encontrar um novo sentido para a minha vida. Deixar tudo o que construí (?) para trás e começar do zero bem longe daqui, sabe?

Mas, o seu olhar suplicante, quase implorando para não te abandonar me deixou tocado. Isso foi um golpe baixo da sua parte, fique sabendo, pois você sabe muito bem que não consigo resistir a algo assim. Pois bem, tentei me esforçar por você, juro, e fiz das tripas um coração, só para que desse certo. Citando o velho Simonal, bem na base da caruda, ninguém sabe o duro que dei para animar a casa e deixá-la com mais vida. Mas, amor, a normalidade nunca foi o meu forte. Foi um esforço difícil por demais para eu conseguir andar na linha.

Mesmo assim, amor, juro que tentei – e não foi pouco. Mas, sabe, a boemia corre nas veias e é foda contê-la, por mais que seja por aquela que se ama. Lembro-me como se fosse ontem quando te disse que sairia para arejar as ideias e voltaria logo. Apesar de ter parecido algo tão fajuto quanto dizer que sairia para comprar um cigarro, garanto, o que te disse foi sincero. Mas, sabe como é: boêmio não para, boêmio dá um tempo.

E foram longos e longos meses no mundão. Trabalhei pra caralho e procurei por muita coisa para fazer nesse mesmo tempo, é verdade. Mas, devo dizer a ti: quase virei um nômade, pulando de lugar em lugar – tá, pode dizer na minha cara que sou incapaz de ficar quieto num único canto –, e a noite, ah, a noite, essa coisa fascinante... Talvez você saiba o que rolou e não falarei para não te ferir ainda mais.

Apesar de ser encabuladão – nesse ponto, continuo o mesmo jovem inseguro e medroso, mas idealista, que você conheceu –, sou cara-de-pau o bastante para voltar como se nada houvesse acontecido. Prometo desta vez ficar junto a ti, mas à minha maneira: não posso ser inteiro seu, pois nem para mim mesmo consigo ser assim. Estou disposto a tentar novamente, desde que não seja tão frequente ou, como dizem os americanos, 24/7. Falarei de tudo contigo: desde os papos mais “cabeça” às maiores banalidades; do sacro – vá lá, não tanto assim – ao profano; do cult ao boçal. Aliás, de boçalidade eu entendo e você sabe muito bem disso. Tudo do jeito como você gosta.

Não diga nada, amor. Palavras machucam ainda mais. Agora, vamos virar a página e arrumar a casa e as nossas vidas. À minha maneira tortuosa de ser, eu te amo. Sim, eu sei, eu mexo contigo como nenhum outro, e você faz o mesmo comigo. Mesmo distante todo esse tempo, nunca me esqueci de ti, pretinha. Agora, vamos parar de prosa e vamos recuperar o tempo perdido. Eu voltei, agora pra ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar.

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